julho 31, 2009



LISBON REVISITED
(1923)

Não: Não quero nada.
Já disse que não quero nada.

Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.

Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem
conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) -
Das ciências, das artes, da civilização moderna!

Que mal fiz eu aos deuses todos?

Se têm a verdade, guardem-na!

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?

Não me macem, por amor de Deus!

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.

Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?

Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!

O céu azul - o mesmo da minha infância -
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!

julho 30, 2009

fiama hasse pais brandão


escultura de Francisco Simões

Ninguém tanto quanto Sócrates desprezou
a escrita, por falaz instrumento,
disse-nos. Porque nos faria esquecer
o mundo, memorizado até ao fascínio,
pelos olhos e pela fala. Mas eu amo-o,
porque no Fedro o seu pensamento
teve medo de perder a realidade,
se a muda mão duplicasse mesquinha
o esplendor dos dentes, da língua, do palato.
Se o silêncio, que sempre colocámos
por detrás das órbitas, se esvaziasse
dos sons e das figuras que o preenchem.


(fiama hasse pais brandão)

:))


Belíssimo poema!
Admirável advertência!

Que a escrita não nos faça «esquecer o mundo»,
nem a internet o esplendor dos sentidos.

julho 29, 2009

A propósito de Musil,
este excerto:

«- Porque não escreve um livro acerca das suas concepções?
- Mas como quer que eu escreva um livro?
Sou filho de uma mulher e não de um tinteiro!»

:)

in

julho 28, 2009

fiama hasse pais brandão

Gratificante, a memória desenrolada
por garrett, platão e sófocles



COM AS PERSONAGENS

Sei que as minhas palavras neste texto são as tuas, o que é literal
e simultaneamente simbólico. Assim o real é ambíguo.
Sei que a tua voz é o meu Rosto, o que é ambíguo
e acessoriamente irreal. No vale de santarém ~
as silhuetas comutavam com as viagens
na minha terra, e nesse estado de espírito
em que indo em um comboio
ele passava porém perante os meus olhos
porque eu, nele, convocara o meu primordial desejo de um comboio,
regressei contigo a um ponto fixo. Soluçamos de noite e eu revi
o que está condenado à minha morte desde o início.

Hémon, o amante de antígona, bate na pedra dura à superfície.
Nada abre a caverna do inverno sobretudo quando
é um domícilo, ou um regresso ao pensamento extinto
como o foi o exílio de antígona no subterrâneo.
Foi esse o acto político de creonte,
ou o acto filosófico de sófocles:
dar em figura a antígona o que não era a letra de platão.
Como se vê e não se vê. Que o não ver é regredir para o âmago,
não ser e não estar no vale de santarém, com as personagens.

(fiama hasse pais brandão)

julho 27, 2009

julho 26, 2009

fiama hasse pais brandão



Um só ramo me faria dizer
que a água está presente,
que na minha vida algures
há um quadrilátero em volta do reflexo.


(fiama hasse pais brandão)

julho 25, 2009



O Fado nasceu um dia,
quando o vento mal bulia
e o céu o mar prolongava
na amurada dum veleiro,
no peito dum marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.

Ai, que lindeza tamanha,
meu chão , meu monte, meu vale,
de folhas, flores, frutas de oiro,
vê se vês terras de Espanha,
areias de Portugal,
olhar ceguinho de choro.

Na boca dum marinheiro
do frágil barco veleiro,
morrendo a canção magoada,
diz o pungir dos desejos
do lábio a queimar de beijos
que beija o ar, e mais nada,
que beija o ar, e mais nada.

Mãe, adeus. Adeus, Maria.
Guarda bem no teu sentido
que aqui te faço uma jura:
que ou te levo à sacristia,
ou foi Deus que foi servido
dar-me no mar sepultura.

Ora eis que embora outro dia,
quando o vento nem bulia
e o céu o mar prolongava,
à proa de outro velero
velava outro marinheiro
que, estando triste, cantava,
que, estando triste, cantava.


José Régio

julho 24, 2009


«La vida es sueño y sueño de un sueño.» (Calderon)

julho 23, 2009

julho 22, 2009

Que diz a delicadeza?



«Que diz a delicadeza?
Diz ao outro que ele foi visto.
Logo, que ele
é

fiama hasse pais brandão

BAIRRO OU GALÁXIA?




Aquele espaço que se repartia
em estreitas ruas ocasionais
depois de o conhecermos
melhor do que os visitantes
e mais do que todas as personagens
era nosso. Sei que havia galáxias
semelhantes. Intensa atracção longínqua
que nos guiava desde o princípio
da vida em que pisávamos
com os pés o empedrado
dessas ruas fantasiosas
do bairro campestre e doméstico.


(fiama hasse pais brandão)

julho 21, 2009

Krugman



Interessante o gráfico de Krugman
sobre a comparação da crise
com e sem intervenção
do Estado no apoio
ao investimento
e ao consumo.

A diferença é explicada aqui,
no blog "O valor das ideias".

Mas continuo perplexo com a incompletude
de análise económico-política
que abstraia da notável
percepção que a queda
da produção traduz
bens e serviços
que ninguém
quer


porque não servem para nada!



Sair da situação de desemprego, sub-emprego,
emprego desqualificado, passa substancialmente
por afectar recursos a produções e a serviços
com interesse, obviamente desejados e procurados.

Por isso, choca-me não conseguir distinguir
se as iniciatvas do plano tecnológico,
da produção de energia renovável,
e da informatização em massa
são deveras impulsionadoras
de desenvolvimento
ou mera propaganda
partidária!

...

Teresa Cardoso Menezes

julho 20, 2009


Tamara de Lempicka

O IMPORTANTE

Quando te procurei
Estaria por acaso a verdade à minha espera?
O amor ocorre num espaço flutuante
Num exíguo lugar-nenhum
E o sonho é matéria incerta
Mestre na arte da fuga


Ana Hatherly, A neo-Penélope,
&etc, Lisboa, 2007

julho 19, 2009

La Liberté des Mers

Écoutez La Liberté des Mers
par Gérard Pierron (Cliquez l'image)
(CD selecionado por Nuno Rogeiro no programa "Sociedade das Nações")
Tony Bennett, It Had To Be You

It had to be you
It had to be you
I wandered around
And finally found
Somebody who
Could make me be true
Could make me be blue.
Or even be glad
Just to be sad
Thinking of you.

Some others I've seen,
Might never mean.
Might never be cross,
Or try to be boss,
But they wouldn't do.
For nobody else gave me a thrill,
With all your faults I love you still.
It had to be you, wonderful you,
It had to be you.

julho 18, 2009

fiama hasse pais brandão



Cheira a alfazema, gardénias, lírios,
neste jardim em que por momentos estaremos,
e os aromas embebem-se-nos no corpo
como se fôssemos cegos amantes que o ventre
impelisse uns para os outros.


(fiama hasse pais brandão)

julho 17, 2009

Vivaldi, L'inverno (RV 297)

Requiem por mim

Aproxima-se o fim.
E tenho pena de acabar assim.
Em vez de natureza consumada,
Ruína humana.
Inválido do corpo
E tolhido da alma.
Morto em todos os orgãos e sentidos.
Longo foi o caminho e desmedidos
Os sonhos que nele tive.
Mas ninguém vive
Contra as leis do destino.
E o destino não quis
Que eu me cumprisse como porfiei,
E caisse de pé, num desafio.
Rio feliz a ir de encontro ao mar
Desaguar,
E, em largo oceano, eternizar
O seu esplendor torrencial de rio.


Miguel Torga, Diário XVI

julho 16, 2009



The shadow of your smile
When you are gone
Will color all my dreams
And light the dawn
Look into my eyes, my love, and see
All the lovely things you are to me
A wistful little star
Was far too high
A tear drop kissed your lips and so did I
Now when I remember spring
All the joy that love can bring
I will be remembering
The shadow of your smile
Now when I remember spring
All the love that joy can bring
I will be remembering
The shadow of your smile...


Written by P.F.Webster & J.Mandel

julho 14, 2009


Tomb of Omar Khayyam


QUEM FOI OMAR KHAYYAM?

Viveu na Pérsia de 1048 a 1123. Homem de grande cultura e sabedoria: matemático, geómetra, astrónomo e poeta. Foi discípulo de Avicena. Na juventude, escreveu tratados de geometria e álgebra, resolvendo equações de 3º grau.

Conta-se que na sua juventude três companheiros de escola: Nizam Al-Mulk, Hassan Ibn Sabbah e Omar Khayyam fizeram um pacto: o que obtivesse primeiro uma posição de relevo ajudaria os outros. Nizam destacou-se primeiro, como secretário do sultão Alp Arslan. Cumpriu o pacto; deu a Hassan um posto administrativo e atendeu o desejo de Omar: uma pensão vitalícia que lhe permitisse estudar, escrever e levar uma vida sossegada num jardim de delícias terrenas…

Obtida a pensão Omar Khayyam «retira-se para a cidade natal e dedica-se à astronomia, à matemática, à filosofia, à poesia e à amizade, quer dizer ao ócio, tal como Aristóteles entendia a «diagogé»-«ocupação e gozo intelectual e estético como compete ao homem livre».

Mas, Hassan não ficou satisfeito com 'a pouca categoria do cargo' que Nizan lhe deu e rebelou-se, refugiando-se nas montanhas onde desenvolveu uma luta «terrorista» contra as autoridades, originando a terrível seita dos «HASSASSIN» - de onde provém a palavra ocidenta «assassino», dada a técnica do atentado mortal por eles seguida.

Nizam morre assassinado. Os inimigos religiosos de Omar Khayyam sempre o quiseram comprometer como herege e não respeitador dos dogmas da religião muçulmana, tentando ligá-lo a episódios comprometedores.

Na Pérsia Islâmica havia três religiões: o Judaísmo, o Cristianismo e o Zoroastrismo. A cultura de Omar era tocada de todas estas influências a que se sobrepunha uma segura base racional e crítica de origem grega, obtida nos ensinamentos do seu mestre Avicena. Tal cultura torná-lo-ia herético, mas não menos Persa.

A fama ocidental de Omar Khayyam como poeta do vinho é redutora do significado filosófico da sua posição quer como cientista quer como poeta. A sua inquietação poética provém de uma verificação irrecusável: a brevidade da vida humana e a ausência de respostas às perguntas que formula. Daí a valorização de tudo o que possa atenuar o sofrimento ou produzir o prazer. A poesia de Omar Khayyam deve ser lida numa perspectiva em que viver e filosofar têm um só sentido: obter a perenidade do momento que passa:

«Jamais desejei o manto do engano
Mas roubaria por um copo de vinho»


[ Transcrição livre do prefácio de E.M. de Melo e Castro, Rubaiyat, ed. Estampa,1990]
A propósito dos 220 anos
do 14 Juillet,
três hinos


Hino da França (La Marseillaise)



1
Avante, filhos da Pátria,
O dia da Glória chegou.
O estandarte ensangüentado da tirania
Contra nós se levanta.
Ouvis nos campos rugirem
Esses ferozes soldados?
Vêm eles até nós
Degolar nossos filhos, nossas mulheres.
Às armas cidadãos!
Formai vossos batalhões!
Marchemos, marchemos!
Nossa terra do sangue impuro se saciará!

2
O que deseja essa horda de escravos
de traidores, de reis conjurados?
Para quem (são) esses ignóbeis entraves
Esses grilhões há muito tempo preparados? (bis)
Franceses! Para vocês, ah! Que ultraje!
Que élan deve ele suscitar!
Somos nós que se ousa criticar
Sobre voltar à antiga escravidão!

3
Que! Essas multidões estrangeiras
Fariam a lei em nossos lares!
Que! As falanges mercenárias
Arrasariam nossos fiéis guerreiros (bis)
Grande Deus! Por mãos acorrentadas
Nossas frontes sob o jugo se curvariam
E déspotas vis tornar-se-iam
Mestres de nossos destinos!

4
Estremeçam, tiranos! E vocês pérfidos,
Injúria de todos os partidos,
Tremei! Seus projetos parricidas
Vão enfim receber seu preço! (bis)
Somos todos soldados para combatê-los,
Se nossos jovens heróis caem,
A França outros produz
Contra vocês, totalmente prontos para combatê-los!

5
Franceses, em guerreiros magnânimos,
Levem/ carreguem ou suspendam seus tiros!
Poupem essas tristes vítimas,
que contra vocês se armam a contragosto. (bis)
Mas esses déspotas sanguinários
Mas esses cúmplices de Bouillé,
Todos esses tigres que, sem piedade,
Rasgam o seio de suas mães!...

6
Entraremos na batalha
Quando nossos antecessores não mais lá estarão.
Lá encontraremos suas marcas
E o traço de suas virtudes. (bis)
Bem menos ciumentos de suas sepulturas
Teremos o sublime orgulho
De vingá-los ou de segui-los.

7
Amor Sagrado pela Pátria
Conduza, sustente nossos braços vingativos.
Liberdade, querida liberdade
Combata com teus defensores!
Sob nossas bandeiras, que a vitória
Chegue logo às tuas vozes viris!
Que teus inimigos agonizantes
Vejam teu triunfo e nossa glória

Allons enfants de la Patrie,
Le jour de gloire est arrivé
Contre nous de la tyrannie
L'étendard sanglant est levé.
L'étendard sanglant est levé:
Entendez-vous dans les campagnes
Mugir ces féroces soldats!
Ils viennent jusque dans vos bras
Égorger vos fils et vos compagnes.
Aux armes citoyens,
Formez vos bataillons.
Marchons! Marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons
Que veut cette horde d'esclaves
De traîtres, de rois conjurés?
Pour qui ces ignobles entraves
Ces fers dès longtemps préparés
Ces fers dès longtemps préparés
Français, pour nous, Ah quel outrage
Quel transport il doit exciter!
C'est nous qu'on ose méditer
De rendre à l'antique esclavage
Quoi! Des cohortes étrangères
Feraient la loi dans nos foyers!
Quoi! Ces phalanges mercenaires
Terrasseraient nos fiers guerriers.
Terrasseraient nos fiers guerriers.
Grand Dieu! Par des mains enchaînées
Nos fronts, sous le joug, se ploieraient.
De vils despotes deviendraient
Les maîtres de nos destinées
Tremblez tyrans, et vous perfides
L'opprobe de tous les partis.
Tremblez, vos projets parricides
Vont enfin recevoir leur prix!
Vont enfin recevoir leur prix!
Tout est soldat pour vous combattre.
S'ils tombent nos jeunes héros,
La terre en produit de nouveaux
Contre vous, tous prêts à se battre
Français en guerriers magnanimes
Portez ou retenez vos coups.
Épargnez ces tristes victimes
A regrets s'armant contre nous!
A regrets s'armant contre nous!
Mais ce despote sanguinaire
Mais les complices de Bouillé
Tous les tigres qui sans pitié
Déchirent le sein de leur mère!
Amour Sacré de la Patrie
Conduis, soutiens nos braves vengeurs.
Liberté, Liberté chérie
Combats avec tes défenseurs
Combats avec tes défenseurs
Sous nos drapeaux, que la victoire
Accoure à tes mâles accents
Que tes ennemis expirants
Voient ton triomphe et nous, notre gloire
(« Couplet des enfants »)
Nous entrerons dans la carrière
Quand nos aînés n'y seront plus
Nous y trouverons leur poussière
Et la trace de leur vertus!
Et la trace de leur vertus!
Bien moins jaloux de leur survivre
Que de partager leur cercueil.
Nous aurons le sublime orgueil
De les venger ou de les suivre
Aux armes citoyens,
Formez vos bataillons.
Marchons! Marchons!
Qu'un sang impur
Abreuve nos sillons


A Internacional



De pé, ó vitimas da fome!
De pé, famélicos da terra!
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra.
Cortai o mal bem pelo fundo!
De pé, de pé, não mais senhores!
Se nada somos neste mundo,
Sejamos tudo, oh produtores!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Senhores, patrões, chefes supremos,
Nada esperamos de nenhum!
Sejamos nós que conquistemos
A terra mãe livre e comum!
Para não ter protestos vãos,
Para sair desse antro estreito,
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós diz respeito!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Crime de rico a lei cobre,
O Estado esmaga o oprimido.
Não há direitos para o pobre,
Ao rico tudo é permitido.
À opressão não mais sujeitos!
Somos iguais todos os seres.
Não mais deveres sem direitos,
Não mais direitos sem deveres!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Abomináveis na grandeza,
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha!
Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu.
Querendo que ela o restitua,
O povo só quer o que é seu!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Nós fomos de fumo embriagados,
Paz entre nós, guerra aos senhores!
Façamos greve de soldados!
Somos irmãos, trabalhadores!
Se a raça vil, cheia de galas,
Nos quer à força canibais,
Logo verá que as nossas balas
São para os nossos generais!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional

Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo.
Pertence a Terra aos produtivos;
Ó parasitas deixai o mundo
Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar,
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar!

Bem unido façamos,
Nesta luta final,
Uma terra sem amos
A Internacional



Debout , les damnés de la terre
Debout , les forçats de la faim
La raison tonne en son cratère ,
C'est l'éruption de la faim.
Du passé faisons table rase ,
Foule esclave , debout , debout
Le monde va changer de base ,
Nous ne sommes rien , soyons tout.
C'est la lutte finale ;
Groupons nous et demain
L'Internationnale
Sera le genre humain.
Il n'est pas de sauveurs suprêmes
Ni Dieu , ni César , ni Tribun ,
Producteurs , sauvons-nous nous-mêmes
Décrètons le salut commun .
Pour que le voleur rende gorge ,
Pour tirer l'esprit du cachot ,
Souflons nous-même notre force ,
Battons du fer tant qu'il est chaud.
L'Etat comprime et la Loi triche ,
L'impôt saigne le malheureux ;
Nul devoir ne s'impose au riche ;
Le droit du pauvre est un mot creux
C'est assez languir en tutelle ,
L'Egalité veut d'autres lois ;
" Pas de droits sans devoirs , dit-elle
Egaux pas de devoirs sans droits ".
Hideux dans leur apothéose ,
Les rois de la mine et du rail
Ont-ils jamais fait autre chose
Que dévaliser le travail ?
Dans les coffres-forts de la banque
Ce qu'il a crée s'est fondu ,
En décrétant qu'on le lui rende ,
Le peuple ne veut que son dû.
Les rois nous saoûlaient de fumée ,
Paix entre nous , guerre aux Tyrans
Appliquons la grève aux armées ,
Crosse en l'air et rompons les rangs !
S'ils s'obstinent ces cannibales
A faire de nous des héros ,
Ils sauront bientôt que nos balles
Sont pour nos propres généraux.
Ouvriers , paysans , nous sommes
Le grand parti des travailleurs ,
La terre n'appartient qu'aux hommes,
L'oisif ira loger ailleurs .
Combien de nos chairs se repaissent !
Mais si les corbeaux , les vautours ,
Un de ces matins disparaissent ,
Le soleil brillera toujours.


A Portuguesa


Heróis do mar, nobre povo,
Nação valente, imortal,
Levantai hoje de novo
O esplendor de Portugal!
Entre as brumas da memória,
Ó Pátria sente-se a voz
Dos teus egrégios avós,
Que há-de guiar-te à vitória!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Desfralda a invicta Bandeira,
À luz viva do teu céu!
Brade a Europa à terra inteira:
Portugal não pereceu
Beija o solo teu jucundo
O Oceano, a rugir d'amor,
E teu braço vencedor
Deu mundos novos ao Mundo!

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

Saudai o Sol que desponta
Sobre um ridente porvir,
Seja o eco de uma afronta
O sinal do ressurgir.
Raios dessa aurora forte
São como beijos de mãe,
Que nos guardam, nos sustêm,
Contra as injúrias da sorte.

Às armas, às armas!
Sobre a terra, sobre o mar,
Às armas, às armas!
Pela Pátria lutar
Contra os canhões marchar, marchar!

julho 13, 2009


Imagem in blog Lazuli

Escuta o que a Sabedoria
Está dizer-te o dia inteiro:
“Nada tens de comum com as plantas,
Que rebrotam quando podadas.”
Nenhum proveito trouxe ao Universo o meu
Nascimento.
Não o mudará na imensidade
Nem no esplendor a minha morte.
Quem me explica
Porque vim a este mundo e hei-de um dia ir-me embora?

Omar Khayyam, Rubaiyat

julho 12, 2009



Gota de água que cai e se perde no mar,
Grão de poeira que se funde na terra.
O que significa a nossa passagem neste mundo?
Um vil insecto apareceu, depois desapareceu.


Omar Khayyam, Rubaiyat

julho 11, 2009



Nada, eles nada sabem, nada querem saber.
Repara nestes ignorantes, eles dominam o mundo.
Se não te lhes juntas, chamam-te incréu.
Não lhes ligues, Khayyam, segue o teu caminho.


Omar Khayyam, Rubaiyat

julho 10, 2009



Perguntas-me donde vem o nosso sopro de vida.
Se me coubesse resumir uma mui longa história,
Eu diria que ele surge do fundo do oceano,
E depois de súbito o oceano o engole de novo.


Omar Khayyam, Rubaiyat

julho 09, 2009


Rabi Khan, Moment Before the Kiss

De súbito, o Céu furta-te o próprio instante
De que precisas para humedecer os lábios.


Omar Khayyam, Rubaiyat

julho 08, 2009


Victor Meirelles, Moema, 1866.

Ergue-te, temos a eternidade para dormir!

Omar Khayyam, Rubaiyat


julho 07, 2009



O que restará amanhã dos escritos dos sábios?
Só o mal que eles disseram dos que os precederam.
Tal é a lei da ciência;
a poesia não conhece semelhante lei,
ela nunca nega o que a precedeu e
nunca é negada pelo que a segue,
ela atravessa os séculos na maior quietude.
É por isso que eu escrevo os meus rubaiyat.


Omar Khayyam, Rubaiyat

julho 06, 2009



Sobre a Terra variegada caminha um homem,
Nem rico nem pobre, nem crente nem infiel,
Ele não corteja verdade alguma,
Não venera nenhuma lei…
Sobre a Terra variegada,
Quem é este homem bom e triste?



Omar Khayyam, Rubaiyat

julho 05, 2009



De quando em vez um homem ergue-se neste mundo,
Estadeia a sua fortuna e proclama: sou eu!
A sua glória vive o espaço de um sonho falido,
Já a morte se ergue e proclama: sou eu!



Omar Khayyam, Rubaiyat

julho 04, 2009



Sabes o que me fascina nas ciências?
É o facto de aí encontrar a poesia suprema:
com a matemática, a embriagante vertigem dos números;
com a astronomia, o enigmático murmúrio do Universo.
Mas, por favor, não me venham falar de verdade!


Omar Khayyam, Rubaiyat

julho 03, 2009



A vida é como um incêndio.
Chamas que o passante olvida,
Cinzas que o vento dispersa,
Um homem viveu.




Omar Khayyam, Rubaiyat

julho 02, 2009



O vinho te dará calor; das neves
Do passado e das brumas do futuro
Te aliviará; te inundará de luz;
Teus ferros quebrará de prisioneiro.



Omar Khayyam, Rubaiyat

julho 01, 2009



Que homem jamais transgrediu a Tua Lei, diz-me!
Uma vida sem pecado, que gosto tem ela, diz-me!
Se punes pelo mal o mal que eu fiz,
Qual é a diferença entre Ti e mim, diz-me!


Omar Khayyam, Rubaiyat